Com Mabel e Adriana na liderança, vence protocolo clássico da eleição em Goiânia

Redação
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Na Trincheira Política – Não se ganha uma eleição com um único elemento. A equação da vitória é grande e complexa, com muitas variáveis, algarismos e algoritmos. São inúmeras combinações e cruzamentos. No protocolo clássico, a primeira lei é que só vence a eleição quem consegue reunir grupos políticos fortes em torno de seu nome.

E desta equação vão aparecendo outras variáveis como investimento financeiro, tempo de TV, volume de campanha, gente na rua mostrando o candidato, liderança em bairro pedindo voto, bons padrinhos, bom programa de TV, bom material de campanha, capilarização, obediência ao marketing, medir o que deve ser dito, presença na mídia convencional e nas redes sociais e por aí vai.

Daí alguns podem dizer: “ah, mas Bolsonaro não tinha quase nada disso e venceu”. De fato, Bolsonaro faz parte da novíssima onda do antissistema na qual surfa também Pablo Marçal e Fred Rodrigues. Só que ninguém pode negar que Bolsonaro se beneficiou de muitos protocolos clássicos, como a presença na mídia, garantida pela facada. E apoio de grupos políticos sintonizados com o antissistema.

Voltando para Goiânia, Mabel (UB) e Adriana (PT) fizeram esse dever de casa, principalmente Mabel que teve a máquina estadual ao seu lado. Assim que seu nome foi lançado, Mabel não parou de trabalhar um dia e em ritmo alucinante. Logo de cara, tinha 300 lideranças espalhadas em bairros de todas as regiões da capital. Quem andava pelas ruas de Goiânia via bandeiraços para todo lado.

Mabel foi conquistando aos poucos a confiança dos palacianos de segundo e terceiro escalões e ganhando massa magra na sua campanha. Musculatura pura. Buscou uma equipe de marketing na qual confia e os únicos que, de certa forma, ouve e escuta: Joel Fraga e Paulo Faria. Reduziu falas perigosas e inadequadas e focou em colar a imagem com o governador Ronaldo Caiado. Foi ciscando para dentro até alcançar e empatar com Adriana Accorsi e pode se tornar o primeiro prefeito de Goiânia eleito com o apoio do Palácio das Esmeraldas em 36 anos.

Desde a redemocratização e a volta das eleições diretas em Goiânia, em 1985, apenas nos dois primeiros pleitos o goianiense elegeu um prefeito apoiado pelo governador: Daniel Antônio (em 1985), apoiado pelo então governador Iris Rezende, e Nion Albernaz (em 1988) apoiado por Henrique Santillo.

A delegada-deputada também seguiu à risca os protocolos clássicos de ciscar para dentro. Foi sempre a primeira a chegar, desde o lançamento das candidaturas a apoios importantes. Conseguiu reunir até a esquerda radical ao seu redor. Teve a melhor participação em debates e entrevistas, se mostrando preparada para governar a cidade. Esse quesito ainda ocupa as exigências da maioria dos goianienses, pelo menos até esta sexta-feira (04/10), quando as últimas pesquisas foram divulgadas.

Sem tantos recursos financeiros e sem poder explorar o que poderia ser seu maior cabo eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Adriana manteve uma resiliência e disciplina dignas de uma militar, apesar de ser policial civil. Andou Goiânia inteira visitando bairros e feiras em caminhadas e carreatas. Manteve um discurso totalmente propositivo e não caiu nas provocações de Fred Rodrigues. Ele focou em críticas contra o governo federal para se mostrar como um candidato de direita.

Adriana soube como quase nenhum candidato sabe, obedecer seu marketeiro, outro clássico das campanhas eleitorais, Jorcelino Braga. Foi com ele, que ela soube equilibrar os pratos dos desgastes do seu partido em uma cidade voltada à direita. Seu eleitorado progressista entendeu. E não arredou o pé. Repito. Até esta sexta-feira.

“Ah, mas Rogério Cruz tem a máquina municipal e está com 2%!”. Sim, mas ele infringiu e desobedeceu praticamente todos os protocolos clássicos e não se encaixa na nova onda antissistema de influencers “lacradores” do marketing digital. Bolsonaro, apesar de ter a máquina e usá-la ferozmente e com muita lacração digital foi o único presidente da história a não ser reeleito.

E Vanderlan que liderava as pesquisas na pré-campanha?. Leiam os protocolos e tirem suas próprias conclusões. Mas no primeiro item, reunir grupos, o senador não quis ou não pode reuni-los para não virar a refém em seu governo. Errado não está. Mas ganhar a eleição é diferente de governar.

E Matheus Ribeiro? Jovem e cristão novo na política, escolheu um partido fragilizado, mas teve uma boa performance e já pode pavimentar uma candidatura a federal. Professor Pantaleão manteve a tradição e preencheu os corações dos sonhadores pelo mundo ideal.

Enfim, ainda que Fred Rodrigues possa surpreender e chegar ao segundo turno, a maioria dos goianienses ainda preserva protocolos clássicos para definir o futuro da cidade. Esse cenário se repete em São Paulo. Teremos de esperar até às 19 horas deste domingo (06/10) para conferir a força do clássico x antissistema.

Leia a íntegra do texto.

Texto por Elizeth Araújo
Fonte e foto: Notícias Toda Hora
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